As palavras que ainda não vos disseram

Há cerca de meio ano, no dia 9 de Maio saiu neste Jornal, um texto meu que espoletou alguma polémica, sobretudo no seio do PS Madeira. Vaticinava eu, que se preparava uma candidatura camuflada de Paulo Cafofo às eleições regionais de 2019, quando tinha acabado de começar a sua campanha para continuar como presidente da Câmara do Funchal. Dito e feito. Mas muitos dos que ficaram ofendidos com as palavras que disse, palavras escritas, afinal queriam era que se falasse baixinho, porque, afinal, era verdade.

Como na altura disse, não sou ingénuo para julgar que a política e a disputa do poder se fazem sem artifícios, mas há uma coisa que me incomoda solenemente, que é a dissimulação. Respeito e gosto mais das pessoas que se comprometem.

Cafofo continua sem se comprometer com as palavras que diz e escreve. As ´palavras que vos disse’ no seu artigo de opinião no DN de dia 6, pairam como uma espécie de espírito santo que um dia há de trazer a boa-nova. Só se consegue ler o texto verdadeiro nas entrelinhas.

Mas o Dia da Anunciação já foi protagonizado por um anjo. O presidente da Câmara do Porto Moniz, ainda os votos das autárquicas estavam quentes, anunciava a sua candidatura à liderança do PS Madeira contra Carlos Pereira, para, pura e simplesmente, estender uma passadeira vermelha ao ‘LÍDER DE UMA COLIGAÇÃO DE PARTIDOS’ – Paulo Cafôfo dixit in DNoticias 2017-11-06.

O caricato, é que também o candidato a líder do PS, Emanuel Câmara, vê Paulo Cafofo como um líder, o único capaz de apresentar um projeto do PS credível para as eleições em 2019.

Mas Cafofo continua a pairar, sem se comprometer com palavras escritas, mesmo tomando assento na primeira fila da apresentação de Emanuel Câmara a líder do PS Madeira.

Porém, há que o dizer, os únicos que realmente mostram a sua alma, a sua verve, os que são verdadeiramente livres e donos de si mesmo, são os que o fazem através da palavra impressa e não apenas os que têm opinião, por palavras ditas, atos ou omissões.

Cafofo não teve ainda a hombridade e coragem para dizer ao que vem. Escuda-se atrás de uma marioneta e só assumirá o seu projeto se esta ganhar o PS.

E assim, chego às palavras que ainda não vos disseram.

A primeira é que, através de Emanuel Câmara, o PS prepara-se para entregar a alma ao Criador e ir desvanecendo como partido na Madeira, como já aconteceu no Concelho de Santa Cruz, como aconteceu na Cidade do Porto e outros lugares pelo País fora.

A segunda é que Carlos Pereira vai debater a sua liderança à frente do PS com Emanuel Câmara e por isso nunca poderemos ter um frente a frente entre Carlos Pereira e Paulo Cafofo, para saber quem é que seria o melhor candidato às regionais de 2019, pois Cafofo só aparecerá se Emanuel Câmara ganhar o partido. A não ser que Cafofo venha a jogo dê o peito às balas, como fazem AS PESSOAS.

E para terminar, depois de uma série de opiniões certamente controversas, acabo com uma frase que me parece consensual. Uma coisa é popularidade, outra é a competência. A primeira, a maior parte das vezes, só se consegue com populismo. A segunda, às vezes é incómoda para as pessoas, mas é a única que é capaz de construir algo diferente que a Madeira precisa, depois de 40 anos de populismo.

7 de Novembro de 2017
publicado in JM . Jornal da Madeira

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